Ana e Tadeu
Idealização e texto: Mônica Santana
Direção: Diego Arauja
Salvador (BA)
Estreia: 2025
Página atualizada em 27/10/2025
Fotos: Caio Lírio
Ana e Tadeu tinham 15 anos de casamento, mais um filho, o menino Jorge. A violência urbana desencadeou uma sucessão de acontecimentos que mudaram irreversivelmente a vida e a subjetividade dessas personagens. Com o casamento arruinado, Tadeu volta para pegar suas coisas e levar sua mudança. Contudo, encontra a casa cercada por um tiroteio. Confinados, Ana e Tadeu aparam as últimas arestas de uma relação cercada por afeto, dor e pela própria violência que os atravessa e os limita.
Dia 02/11, às 17h
Teatro do Goethe-Institut
Duração: 1h20min
Classificação indicativa: 16 anos
TRADUÇÃO EM LIBRAS
Ingresso: R$ 30,00 e R$ 15,00 – CLIQUE AQUI para comprar o seu ingresso
O espetáculo
Pode o amor resistir à violência que atravessa a vida de uma família, alterando completamente suas existências? O espetáculo Ana e Tadeu lança essa e outras perguntas ao espectador ao narrar a história de um casal em processo de separação, enquanto um tiroteio acontece ao seu redor. A montagem encena um texto inédito de Mônica Santana (dramaturga indicada ao Prêmio Bahia Aplaude 2025) e tem direção de Diego Araúja (vencedor do Prêmio Braskem de Teatro 2019, na categoria Texto).
Vividos pelos atores Antônio Marcelo (Candomblé da Barroquinha) e Mônica Santana, os personagens se encontram numa situação-limite — cada vez mais comum no cotidiano das grandes cidades brasileiras. Mais do que discutir uma temática social, a peça promove um mergulho na subjetividade de duas pessoas cujas existências são atravessadas pela violência. A personagem Ana é socióloga e ativista e tem forte relação com o bairro em que cresceu, desejando resistir ali, mesmo diante das mudanças graduais no território. Seu ex-marido, Tadeu, é músico e retoma a carreira artística após a separação.
Dramaturgia e encenação
Para a dramaturga e idealizadora do projeto, Mônica Santana, “a obra quer discutir sobre a condição entrincheirada de duas pessoas negras, que têm uma vivência rica de experiências, de trajetórias, mas que habita uma comunidade periférica e lida com o entrincheiramento imposto nesse território”. Para a autora, a peça parte de um olhar íntimo para duas personagens, cheias de suas particularidades, falhas e singularidades, compreendendo como são afetadas pela violência. “Qual é a subjetividade que se constitui a partir das perdas, dos constrangimentos, das derrotas impostas sobre pessoas negras? É uma pergunta que motivou a construção de Ana e Tadeu”, acrescenta.
Além de assinar a direção do espetáculo, Diego Araúja também concebeu a cenografia, ao lado do cenógrafo Erick Saboya, propondo a imagem de uma casa que desaba e se dissolve — tanto pelos ataques externos quanto pelas agressões mútuas que se dão no contexto íntimo. Para o diretor, “Observo que Ana e Tadeu promove uma conversa, por vias cênico-performáticas, sobre os afetos no seio das relações comunitárias/familiares afro-brasileiras. Por isso mesmo, trata-se de um estudo do como se agencia no sujeito negro, entre sujeitos negros, esses afetos”. Ele propõe, em cena, um jogo de visibilidades entre a dimensão sensível e imaterial das personagens, em contraponto a uma estilização daquilo que poderia ser concreto (essa casa que desaba, esse tiroteio que se converte em música, essa realidade que se dissolve). “Depois do amor e do luto, a peça se entrelaça entre solilóquios, conversações, palavras e agressões; uma verborragia que afirma a falta pelo excesso”, aponta o encenador.
Trajetória
FIAC 2025 - Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia: 2 de novembro de 2025 | Teatro do Goethe-Institut (Salvador/BA)
Festival Melanina Acentuada - Ano VII: 10 e 11 de julho de 2025 | Teatro do Goethe-Institut (Salvador/BA)
Vídeo do espetáculo na íntegra
Ficha técnica e artística
Idealização e Texto | Mônica Santana
Direção| Diego Araúja
Atriz | Mônica Santana
Ator | Antonio Marcelo
Assistência de direção | Neemias Santana e Quemuel Costa
Direção coreográfica | Neemias Santana
Cenografia | Diego Araúja e Erick Saboya
Cenotecnia | Felipe Cipriani (Oxe Arte)
Trilha Sonora e direção musical | Andrea Martins e Ronei Jorge
DJ e operação de som | Nai Kiese
Técnica de Som | Acelino Costa e Nai Kiese
Desenho de luz | Caboclo de Cobre
Operação de Luz | Caboclo de Cobre e Almir Gaiato
Técnico de luz | Almir Gaiato
Figurino | Alexandre Guimarães
Costura | Maria de Lourdes
Dreadmaker| Daniel Tulipeno
Produção | Fabiana Marques
Assistente de produção | Lucas Oliveira
Gestão Administrativa e Financeira | Thayná Mallmann
Comunicação | Mônica Santana
Identidade visual e Design Gráfico | Duna (Lia Cunha e Isabella Coretti)
Fotografias (Design gráfico) | Priscila Fulô
Fotografias (Imprensa/Divulgação) | Caio Lírio
Captura em vídeo e edição| João Rafael Neto
Mônica Santana
Idealização e dramaturgia
Dramaturga, atriz, professora e comunicadora. Doutora e mestre em Artes Cênicas pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), atua atualmente como professora no Mestrado Profissional em Artes da Cena, no Célia Helena Centro de Artes e no Itaú Cultural.
Por Ana e Tadeu, recebeu a indicação no Prêmio Nacional de Teatro Cenym na categoria Melhor Texto Original e Melhor Atriz. Em 2025, foi indicada ao Troféu Bahia Aplaude, na categoria Melhor Texto, por seu trabalho como dramaturga em Sr. Oculto. Em 2015, venceu a categoria Revelação por seu solo “Isto não é uma mulata”. Por essa obra, a artista se destacou nacionalmente, sendo considerada uma das mulheres negras e artistas mais influentes tanto pelo Coletivo Blogueiras Negras quanto pela ONG Think Olga.
Diego Araúja
Direção
Artista de Salvador (BA), com 14 anos de carreira, atuando em artes cênicas, visuais, literárias e audiovisuais como diretor, cenógrafo, dramaturgo, roteirista e escritor. Bacharel pela Escola de Teatro da UFBA, cofundou com Laís Machado a Plataforma ÀRÀKÁ, voltada à criação e pesquisa da memória afrodiaspórica.
Participou de festivais nacionais e internacionais (FIAC-BA, Theatertreffen, ADELANTE, FIT-BH, FRESTAS, EFIE). Foi membro fundador e editor da Revista Barril. Venceu o Prêmio Braskem (2019) por “Prontuário da Razão Degenerada” e o 5º Leda Maria Martins por “QUASEILHAS”. Em 2023, integrou a 35ª Bienal de São Paulo — Coreografias do Impossível com “Sumidouro nº 2 — Diáspora Fantasma”.
Crítica
“Abro um parênteses para destacar o impressionante trabalho de atuação tanto de Mônica quanto de Antonio, embora, sabemos, o grande desafio de Antonio seja contracenar com uma atriz como Mônica Santana. No palco, ela domina, é hipnotizante. É um trabalho que passa pela dimensão do corpo, numa atuação que se entrega de corpo e alma. Outro ator poderia simplesmente sumir ao lado dela, mas Antonio Marcelo também brilha em momentos emocionantes. Isso só é possível porque o texto convoca esse quebrantamento, afastando os personagens de uma superficialidade previsível e colocando-os como seres complexos diante do público. Esse é o grande mérito do espetáculo como um todo, aliás.”
Ewerton Ulisses Cardoso para a Revista Odisseu
Leia o texto completo clicando aqui.
Informações técnicas
Equipe básica de viagem
Diretor e cenógrafo (Diego Araúja)
Produção: Lucas Oliveira
Elenco: Mônica Santana e Antonio Marcelo
Op. Som: Nai Kiese
Op. Luz: Caboclo de Cobre
Coordenação montagem cenografia: Erick Saboya
7 pessoas (que podem estar divididas em quartos duplos)
Montagem
São necessários 5 turnos para montagem técnica (2 turnos para montagem da cenografia; 3 turnos para montagem da iluminação e gravação da mesa de luz) e 1 turno para passagem técnica
Desmontagem
A desmontagem da cenografia pode ser realizada em 1 turno, contando com suporte de 2 a 3 carregadores.
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